segunda-feira, 3 de novembro de 2014

MISTURA MÚLTIPLA OU SAL MINERAL PARA BOVINOS E OVINOCAPRINOS


Para bovinos mantidos exclusivamente em pasto, a suplementação de minerais é feita, geralmente, em cochos, sempre cobertos, colocados em locais estratégicos do pasto e regularmente abastecidos. A mistura mineral deve estar sempre à disposição no cocho, pois o consumo, para ser efetivo na suplementação das exigências, tem de ser contínuo. 
Um dos problemas relacionados com o fornecimento de misturas minerais à vontade nos cochos é que o consumo é variável e errático. O sal comum (NaCl), por ser palatável e bem aceito, é um importante veículo para ingestão de outros minerais, sendo então incorporado na proporção de 30% a 50% da mistura total. 
No entanto, deve-se atentar para o fato de que o cloreto de sódio também limita o consumo do suplemento mineral: considera-se que em média o animal lambe o sal até satisfazer as necessidades de sódio, quando então perde o apetite pela mistura oferecida no cocho. 
A quantidade de mistura mineral ingerida diariamente é o fator mais importante a ser considerado na suplementação de bovinos mantidos em pasto. As fazendas devem estabelecer um controle para estimativa de consumo médio diário, pois só assim será possível avaliar a suplementação. 
Numa fase inicial, quando ainda não há controle de ingestão, pode-se tomar como base que os bovinos adultos de corte, geralmente, consomem de 20 g a 40 g de sal comum/dia e, com base nessa proposição, estima-se o consumo potencial, se o suplemento for misturado com sal. 
Por exemplo, se um suplemento traz a recomendação de diluição de uma parte de sal comum para duas partes de suplemento, isto significa que a mistura teria 33,3% de sal e, portanto, para consumir 25 g de sal o bovino teria que ingerir 75 g da mistura total. 
Com base nesse raciocínio, torna-se possível verificar que as diluições maiores do suplemento, visando à economia, podem ser prejudiciais, pois a quantidade de suplemento consumida seria reduzida. Deve-se ter sempre em mente que quanto maior o nível de sal na mistura menor o seu consumo. 
As recomendações dos fabricantes de suplementos minerais devem ser sempre seguidas, mas torna-se também necessário o estabelecimento do controle da quantidade dos diferentes elementos minerais fornecidos pela mistura, para caracterizar o potencial de atendimento das exigências nutricionais dos bovinos. 
Os suplementos minerais comerciais, já prontos para um tipo específico de categoria, nunca devem ser diluídos. Eles têm na embalagem o rótulo de garantia com a concentração dos elementos minerais (grama ou miligrama por quilo da mistura) e os ingredientes que compõem a mistura. Seria uma boa orientação para o pecuarista que consumo esperado do suplemento constasse também do rótulo. 
Embora o consumo da mistura mineral varie com a fertilidade do solo, qualidade e manejo das pastagens, o pecuarista deve sempre ter o cuidado de controlar o fornecimento da mistura mineral, assegurando a qualidade da suplementação às exigências das categorias a serem suplementadas. 

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Características recomendadas para uma mistura mineral completa e de boa qualidade (McDowell & Conrad, 1977

  • Conter, no mínimo, de 6% a 8% de fósforo total, o que significa uma ingestão média diária de 3 g a 4 g de fósforo para o consumo de 50 g da mistura. Em pastagens com teores muito baixos de fósforo, a mistura mineral deve ter pelo menos cerca de 8% a 10% de P.
 
  • A relação Ca:P na mistura não deve se distanciar muito de 2:1. Os teores de Ca nas forrageiras do tipo Brachiarias sp. variam entre 0,22% e 30% nas águas e de 26% a 40% na seca; Panicum sp. de 0,26% a 0,30% nas águas e de 0,40% a 0,46% na seca. 
 
  • A mistura mineral deve fornecer 100% das exigências para cobalto, cobre, iodo e zinco e, dependendo da região, o manganês.

     
  • A mistura deve prover ingredientes de alta qualidade, com boa disponibilidade biológica dos elementos fornecidos. Existe uma tabela das fontes de minerais e sua biodisponibilidade (NRC,1996McDowell & Conrad,1977); 

     
  • Deve ser formulada de modo que a palatabilidade permita um consumo concordante com as exigências do animal (uso de 1% a 2% de melaço ou outro palatabilizante).

     
  • Deve ter origem idônea, com garantia de controle de qualidade em relação à exigência do animal. Não deve incluir ingredientes com elementos tóxicos em níveis que possam trazer riscos à saúde animal, como F, chumbo (Pb), cádmio (Cd), arsênio (As) e mercúrio (Hg).

     
  • Os ingredientes devem possuir tamanho de partículas e características físicas que permitam uma mistura uniforme e sem separação de ingredientes.

     
  • As formulações devem ser feitas considerando a região envolvida, o nível de produção animal (animais que exigem alta eficiência na fase de crescimento, os requisitos de zinco, para touros e vacas em produção na região dos Cerrados, podem ser dobrados) e as condições climáticas, combinando qualidade e economia..


    Esse teor pode ainda ser insuficiente para vacas de cria, que devem necessitar da suplementação de 7 a 9 g P/dia. O restante para complementar as exigências é fornecido pela pastagem. 
    Conhecendo essas concentrações e verificando que as de Ca são adequadas na dieta de animais sob pastejo, pode-se utilizar o fosfato bicálcico com relação Ca:P de 1,3:1 sem prejuízo para os animais. No entanto, devem-se estar atentos a misturas comerciais, que algumas vezes, com intuito de manter a relação correta, extrapolam, e muito, essa relação. 
Uso da mistura mineral 
Inúmeros fatores se inter-relacionam para uma adequada utilização de misturas minerais, entre eles, a exigência animal e a época do ano. No período chuvoso, há melhor oferta de energia e proteína pela forrageira, e é maior a exigência de minerais (a resposta à suplementação de fósforo é evidente); no período seco, baixa a oferta dos nutrientes, e conseqüentemente as exigências minerais são reduzidas, ao menos para animais de recria e engorda que estão em mantença ou mesmo perdendo peso. 
Sistemas intensivos de produção em pasto, muitas vezes requerem o uso de misturas múltiplas, aquelas que contêm na sua formulação fontes de proteínas e energia, para manter o nível adequado de desenvolvimento/ mantença do animal no período seco. 
A suplementação de minerais deve levar em consideração a faixa de ganho esperada. É importante considerar que o animal não possui reservas prontamente disponíveis de alguns elementos minerais, que devem ser fornecidos diariamente, como é o caso do sódio e do zinco. 
Finalmente, deve-se ter em mente que uma suplementação adequada é a forma de suprir aos animais os nutrientes minerais necessários para corrigir as deficiências ou desequilíbrios de sua dieta, na quantidade necessária e na época certa. 
Assim, para uma mistura mineral ser adequada, é importante que contenha os elementos deficientes ou marginais na região, considerando o tipo da pastagem, ou dieta do rebanho. Daí, volta-se a repetir que uma nutrição mineral apropriada é um fator que pode contribuir bastante para o aumento de produção e melhoria da relação custo:benefício do sistema de produção de carne e leite em pasto. 

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